Profa. Dra. Fátima Beatriz De Benedictis Delphino
Com o propósito de diminuir a evasão escolar, notadamente no Ensino Médio, em que os números de alunos evadidos nos impressionam bastante (16% dos adolescentes entre 13 e 17 anos estão fora da escola), o Ministério da Educação propôs uma Reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/ 2017) que apresenta uma reformulação para o currículo nacional em vigor, disposto pela LDB 9394/1996. Em consequência, a Base Nacional Comum (BNCC) foi modificada em 14 de dezembro de 2018. A partir dessa data uma série de mudanças deveriam acontecer nas escolas de todo o Brasil, mudanças no currículo escolar e na organização das escolas, mesmo com os argumentos contrários à Reforma da maioria dos profissionais da Educação, que, mais uma vez, foram muito pouco escutados. Cabe aqui uma pergunta: Teremos condições de implantar as mudanças depois de 2 anos de pandemia, com escolas e alunos com dificuldades de todos os tipos?
Realmente muitos adolescentes estão fora da escola e muitos nem estudam nem trabalham, constituindo o grupo chamado nem -nem. No entanto, documentos e reformas curriculares não tornam o Ensino Médio atrativo para os adolescentes, que não visualizam possibilidades reais no mundo do trabalho, nem uma escola com muitos esportes e atividades variadas que possam atrai-los. O mundo mudou, as formas de aprendizagem devem ser muito diferentes. A sala de aula com carteiras alinhadas, aulas que não mostrem conexão com o mundo real, para um adolescente que tem o universo ao alcance da mão com a internet, precisam urgentemente de uma reforma de base.
Precisamos de uma escola totalmente renovada, com acesso gratuito à internet, novas metodologias, tecnologias variadas e muitas atividades para os alunos fora do currículo escolar. Na maioria dos países o aluno pode escolher entre atividades e esportes para compor o currículo. Música e Artes devem ser oferecidas a todos. Filosofia e Sociologia devem voltar ao currículo, pois são
muito importantes para compreensão do mundo e da vida em sociedade. Em nenhuma hipótese deveriam ficar fora do currículo. A proposta atual é que sejam trabalhados inseridos nas outras disciplinas, o que não está sendo feito. Na verdade, currículo é para ser feito por especialistas da área educacional e nunca fruto de especulação de grupos políticos de esquerda ou direita.