Os processos de aprendizagem online carregam o estigma de terem qualidade inferior ao aprendizado presencial, apesar de pesquisas mostrarem o contrário. Esses movimentos se intensificaram no período da pandemia, bem como potencializaram o desenvolvimento apressado, por parte de tantas instituições, de “novas” modalidades de ensino a distância, selando a percepção do aprendizado online como uma opção fraca, quando, na verdade, deveriam ser projetados para aproveitar ao máximo as possibilidades do formato online, e não travestir o analógico de digital.
Os processos educacionais precisam ser capazes de possibilitar qualidade e engajamento, em um cenário de transformação digital, inovação tecnológica, com caráter disruptivo, e mudança na estrutura educacional, ou seja, em sua espinha dorsal, no currículo.
O diálogo entre tecnologias, gestão democrática e currículo, visam, ou pelo menos deveriam visar, qualidade social por meio da educação, e apontam para a integração das tecnologias ao currículo como caminhos para a apropriação no fazer pedagógico. Por outro lado, a falta de direcionamento e alinhamento entre esses aspectos parecem alterar a ordem visceral da cultura, e no tocante à educação, pode-se observar a utilização das tecnologias digitais da informação e comunicação nas escolas, que ganhou destaque no ano de 2020, como apenas uma solução momentânea para o referido período e que, mais uma vez, estariam evidenciando a questão da inclusão/exclusão educacional e social.
As tecnologias educacionais, dessa forma, criam um sistema de caráter falso positivo, que se diz pronta para contemplar todo um processo (e longe de contemplar todas as pessoas), que irá desde a aplicação de técnicas educacionais, com o devido embasamento científico, até a resolução de problemas educativos, incluindo sua implantação e implementação, justificadas na ciência vigente, aumentando o abismo entre conectados e desconectados.
Desta forma, contempla o adequado controle do sistema de ensino e aprendizagem como aspecto central, e, ao mesmo tempo, em que entende que as opções mais importantes estão relacionadas ao tipo de técnica que convém e o modo como incorporá-la adequadamente, e não ao bem-estar social e inclusão digital.
É preciso desvelar e reavaliar os interesses a quem serve o uso das tecnologias, que por enquanto segue descontextualizada da real e necessária, inclusão digital.
Professor Marcio Rafael Costa Cruz, Supervisor EaD Ensino Médio.