Neste início de Século XXI, o aumento da puberdade precoce, assim como a falta de conscientização por parte de uma população crescente de adolescentes e jovens adultos que não vivenciaram a pandemia da AIDS[1], têm levado à prática do sexo inseguro.
A associação entre a ausência de educação em sexualidade, o uso de preservativos e a descoberta dos medicamentos que se mostram eficazes para curar as ISTs[2] desencadeou uma certa “liberação” de hábitos e costumes no que se refere ao comportamento sexual.
Pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2022 mostra que “ao longo de uma década, o percentual de adolescentes que usaram camisinhas em relações sexuais recuou nas metrópoles brasileiras”. A queda desse percentual foi de 72,5% (em 2009) para 59% (em 2019).
Já no que se refere às ISTs, os dados são ainda mais preocupantes: “em dez anos, os índices das ISTs cresceram 64,9% na população de 15 a 19 anos e 74,8% nos jovens de 20 a 24 anos” (CUSTÓDIO, 2021)[3].
O crescimento desses índices se deve, em geral, a um falso sentimento de segurança que essa população demonstra, principalmente por não ter experienciado as epidemias de HIV e AIDS ocorridas na década de 1980.
Outro estudo divulgado pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) revelou que 41,67% dos jovens não conversam sobre sexo, sendo a família e a escola pouco acessadas para busca de informações. Esse cenário indica a necessidade de modernização do diálogo com essa parcela da população no que se refere à sexualidade e, sobretudo, ao sexo.
Demonstrados tais dados, relevante se faz pensar na educação em sexualidade, cujo objetivo é o de preparar os adolescentes para a vida sexual de forma segura, chamando-os à responsabilidade de cuidar de seu próprio corpo para que não ocorram situações futuras indesejadas, como a contração de uma infecção ou gravidez precoce e indesejada.
A educação em sexualidade é uma tarefa que deve se originar de forma homeopática, preferencialmente no ambiente familiar, respeitando de forma constante a faixa etária, assim como a capacidade de entendimento de cada indivíduo. Isso porque é nesse ambiente que se transmitem os valores éticos e morais considerados base para uma boa vivência sexual, assim como se discutem as dificuldades que envolvem essa prática. Educar significa implementar ou modificar hábitos. Somos herdeiros de nós mesmos. Pensemos nisso!
Marta Maria Pasquali.
Educadora Sexual
Pedagoga
Psicopedagoga
Mestre em Educação
[1] Doença viral transmitida, maioritariamente, por meio de relações sexuais. Primeiro caso de pessoa infectada no Brasil se deu em 1980.
[2] No ano de 2016, IST (Infecção Sexualmente Transmissível) substituiu a terminologia DST (Doença Sexualmente Transmissível).
[3] CUSTÓDIO, Fabiana Lopes. Infecções sexualmente transmissíveis entre jovens preocupam especialista. Jornal da USP, 2021. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/infeccoes-sexualmente-transmissiveis-entre-jovens-preocupam-especialista/. Acesso em: 31 jul. 2022.
Crédito da imagem: Pixabay.
1 Comment
Sempre há uma insegurança por parte da família sobre quando iniciar as orientações sobre o desenvolvimento da sexualidade das crianças e os ensinamentos para um sexo seguro dos filhos mais velhos.
Ótimo artigo.